sábado, 14 de maio de 2011

Sabina Anzuategui



Em primeiro lugar: ela tem o nome da personagem mais interessante do livro mais interessante do Milan Kundera.

Mas tá longe de ser só isso. Ontem eu li, assim mesmo, de uma tacada, Calcinha no Varal, seu primeiro e único romance, lançado em 2005 pela companhia das letras. Quando contei pro Fernando sobre a idéia pra esse blog ele tirou esse livro do armário e disse: leia. Eu li, e gostei. Muito.


É um livro curto, direto, ora cru, ora poético. Mas o que me conquistou foi entrar nesse mundo tão íntimo da autora e me sentir num lugar tão familiar. Vou proferir o mais grosseiro dos clichês, mas foi como se nós já tivéssemos nos conhecido, e tomado muitas cervejas juntos. Mas é sério. Não foi como ler a Hilda, ou a Clarice, que são incríveis, mas têm esses universos complexos e misteriosos. Não. Ler o romance da Sabina foi como ler um diário de uma ex-namorada. Aquela com quem você compartilha a falta de dinheiro e a insegurança típicas da fase de início de graduação, com quem você desenvolve conhecimentos sexuais que nunca serão igualados nos anos seguintes, por mais que se trepe nessa vida. E daí eu me dava conta de que tava com vontade de ligar pra ela e perguntar como estava a vida.

"A mulher bonita tem um super-poder aos vinte anos. Depois ela o perde.
Não é fácil perder um super-poder."

Nascida em Curitiba em 1974, fez o curso de cinema na USP e escreveu o roteiro de Desmundo, do Alain Fresnot, além de colaborar com o [infelizmente pouco visto] Seja o Que Deus Quiser, do Murilo Salles, e do destruidor Quanto Vale ou é por Quilo, do Sérgio Bianchi. Hoje ela é coordenadora do curso de rádio e tv na faculdade Cásper Líbero. Coloquei a seguir um curta curtíssimo que ela fez na usp em 2006.



De qualquer forma, dá pra encontrar coisas muito interessantes em seu blog Lima da Pérsia. Além dele, tem um outro onde ela aos poucos vai publicando trechos de um romance em gestação, o Lesbianismo Erudito.  Aconselho fortemente a visita. Tanto ao livro, quanto aos blogs.

Vale também ler este pequenino texto que saiu na Revista TPM.



2 comentários:

  1. Vou ao blog, com certeza. E adorei o nome do livro. Só discordo quanto ao personagem do Kundera. Gosto mais da Teresa, ela me provoca a compaixão que provoca em Tomas, um certo desconforto e um olhar carinhoso.

    ResponderExcluir
  2. Bacana seu blog.
    Quanto ao Kundera, também me identifico mais c/ a Teresa, =)

    ResponderExcluir