sábado, 10 de setembro de 2011

Roseana M. Garcia


 Completa hoje 10 anos do brutal assassinato do prefeito de Campinas, Antônio da Costa Santos. Toninho do PT assumiu a prefeitura em janeiro de 2011, revitalizando áreas culturais desativadas, batendo de frente contra o crime organizado e enxugando o gasto com empresas de merenda escolar e coleta de lixo. Seu estilo transparente e implacável lhe rendeu inimigos, e em 10 de setembro foi assassinado na saída do Shopping Iguatemi, às 22 horas, quando voltava de uma loja de ternos. Como vivemos nessa piada chamada Brasil, o crime - com evidentes motivações políticas - foi considerado acidental, pela polícia, e atribuída a traficantes. Enfim, a investigação foi um tremendo imbróglio coalhado de sujeira, má vontade e omissão. Quero falar agora acerca de uma figura ímpar, uma mulher forte e incansável, que luta desde então para que a justiça seja feita nesse país de bandidos e assassinos.

Estou falando da esposa do Toninho, Roseana Garcia.



É bem difícil encontrar informações sobre a vida da psicóloga Roseana. Sua atuação pública começa mesmo após a morte do marido. As investigações não chegam a lugar nenhum. A políca acusa o traficante Andinho e mata seus comparsas que atiraram no prefeito - numa clara queima de arquivo. O ataque às torres pelo Bin Laden ofusca o caso, que fracassa em encontrar os culpados.

Em 2004, Roseana entrega para o então presidente Lula um abaixo assinado contendo 53 mil assinaturas, pedindo a intervenção da Polícia Federal no caso. Lula teria dito a ela que faria tudo o que estivesse ao seu alcance para solucionar esse crime pérfido. Claro, ela nunca teria resposta sobre o pedido. Certamente Lula tinha coisas mais importantes a fazer, como acobertar petistas ladrões.



Roseana, junto com a família e amigos, começam a pressionar o governo por resultados. É criado a organização Quem Matou Toninho, e todo ano é realizado um ato no local do assassinato, onde a figura do prefeito é rememorada e a omissão por parte do Estado Brasileiro é anunciada. Declarou em 2005:

"Em 1991, quando era vice-prefeito [de Campinas], o Toninho denunciou corrupção na prefeitura petista. Este é um momento político para se reabrir as investigações sobre a morte dele"

Ainda em 2005, na CPI dos bingos, volta a afirmar que o assassinato do marido foi político, provavelmente por ele ter contrariado interesses da prefeitura São anos difíceis, ninguém parece se interessar, ou mesmo se importar em descobrir quem foram os mandantes do assassinato. Roseana continua lutando, ano a ano, pedindo a intervenção da PF.



Em julho de 2009, o juiz José Henrique Torres rejeitou a denúncia contra Andinho feita pelo ministério público, reabrindo a discussão sobre o assassinato. Os desembargadores negaram por unanimidade a decisão, impedindo Andinho de ser levado ao tribunal pelo caso. Essa foi uma importante vitória na luta.

E a luta continua. Neste anos, Roseana e a família preparam uma denúncia à Organização dos Estados Americanos por omissão do Estado brasileiro na apuração do crime. A denúncia à OEA deve ser encaminhada até o fim deste ano por meio do CIDH (Comissão Interamericano de Direitos Humanos). Caso aceite o pedido da família como legítimo, a OEA poderá impor sanções ao governo brasileiro e publicar uma nota com recomendações como forma de pressão externa.

“O Antonio atrapalhou muitas negociatas. Até hoje o caso não foi esclarecido, e o crime de mando nunca foi investigado”, disse a viúva. “Foi um crime político. Ele morreu porque não se vendeu e contrariou muitos interesses”

Torço pra que um dia a verdade venha à tona.
E que Roseana possa descansar em paz.


Nenhum comentário:

Postar um comentário