segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Sylvia Plath


Acabei de assistir, com o Caio e a Bruna, ao Sylvia - Paixão Além das Palavras, uma ótima cinebiografia que retrata parte da vida dessa escritora. Confesso que nunca li nenhum de seus livros, mas acho mais que justo começar agora. Insiro a seguir um curto poema dela, Espelho.


ESPELHO

Sou de prata e exacto. Não faço pré-julgamentos.
O que vejo engulo de imediato
Tal como é, sem me embaçar de amor ou desgosto.
Não sou cruel, simplesmente verídico —
O olho de um pequeno deus, de quatro cantos.
Reflicto todo o tempo sobre a parede em frente.
É rosa, manchada. Fitei-a tanto
Que a sinto parte do meu coração. Mas cede.
Faces e escuridão insistem em separar-nos.

Agora eu sou um lago. Uma mulher se encosta a mim,
Buscando na minha posse o que realmente é.
Mas logo se volta para aqueles farsantes, o brilho e a lua.
Vejo as suas costas e reflicto-as na íntegra.
Ela paga-me em choro e em agitação de mãos.
Eu sou importante para ela. Ela vai e vem.
A cada manhã a sua face alterna com a escuridão.
Em mim se afogou uma menina, e em mim uma velha
Salta sobre ela dia após dia como um peixe horrível.

(tradução de Pedro Calouste)


Nascida nos Estados Unidos em 1932, Sylvia Plath é filha de pais austríacos, emigrados. Seu primeiro poema publicado saiu no suplemento infantil do jornal de Boston, quando ela tinha oito anos, na mesma época em que seu pai morre. No primeiro ano de faculdade, em Nova Iorque, ingere diversos comprimidos e tenta se matar, sem sucesso. Vai pra um sanatório e lá recebe tratamento de eletrochoque. Aluna brilhante, forma-se e recebe bolsa pra estudar na Inglaterra, onde escreve ativamente.






É lá que ela conhece o poeta Ted Hughes, por quem tem uma paixão imediata, casando-se em 1955. Mudam-se para os States, onde Sylvia leciona inglês para o ensino médio. A primeira filha nasce em 59, e os dois voltam para a Inglaterra. É nessa época em que a primeira coletânea de poemas de Sylvia, Colossus, é publicada. Em 61 ela sofre um aborto, tema que seria recorrente em sua obra.






O segundo filho do casal, Nicholas, nasce, mas a essa altura o casamento dos pais estava em crise, acentuada pelo caso de Ted com uma amiga em comum, Assia. O casal separa-se e Sylvia continua escrevendo. Em 11 de fevereiro de 2003, Sylvia, coloca as crianças pra dormir, veda seus quartos, liga o gás do fogão e toma vários comprimidos. Nas manhã seguinte foi encontrada morta pela enfermeira que havia contratado. As crianças estavam bem. Sylvia tinha 30 anos.


Sylvia tinha o costume de escrever em diários desde os 11 anos. Sua publicação foi concluída no ano 2000. Em 2009, seu filho Nicholas, que era depressivo, se enforcou. 




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