sábado, 17 de março de 2012

Clarice Lispector


Seguinte: se você que tá lendo esse post ainda não tiver visto a entrevista da Clarice em 1977 para o Julio Lener, então para tudo e veja. É uma dessas conversas fundamentais, que desvendam um tantinho mais do entrevistado. A postura, a fala enrolada com a língua presa, o jeito de segurar o cigarro, o olhar – ah, o olhar da Clarice! – Está tudo ali, ao alcance dos olhos. Contudo, saborosamente, há mais coisas que permanecem ocultas do que aquelas que se desvelam. Enfim, a primeira parte do vídeo tá aí.


Clarice nasceu Haia Pinkhasovna Lispector, em Tchetchelnik, Ucrânia, em 1920. Terceira filha de um casal judeu, que havia percorrido várias aldeias da Ucrânia, fugindo da Guerra Civil Russa.


Vieram então pro Brasil – mais especificamente em Maceio –, quando a pequena Clarice tinha dois meses de idade. Cresceu ouvindo os pais conversarem em Iídiche, e aprendeu inglês e francês ainda na infância. Assim que se alfabetizou já começou a escrever.


Sua mãe morreu quando ela tinha 9 anos. Nessa época, Clarice estudava Hebraico e Iídiche e piano. Uma ida ao teatro a inspira e ela escreve “pobre menina rica”, uma peça em três atos, que infelizmente foi perdida. Escrevia histórias, que enviava freqüentemente pro jornal Diário de Pernambuco. Foram todas recusadas, pois seus contos não tinham enredo, apenas sensações.


 Aos 15 se mudou pro Rio de Janeiro, onde o pai conseguiu um emprego público. Lá, Clarice faz o curso prepraratório pra ser aceita na faculdade de direito da Universidade do Brasil (hoje UFRJ). Começa a dar aulas particulares de português e matemática. Depois trabalha como tradutora, e também como secretária num escritório de advocacia.


 Aos 19 anos, publicou seu primeiro conto, “triunfo”, publicada na revista Pan. Seu pai morre em 1940. Clarice começa a trabalhar como redatora e repórter na Agência Nacional, onde passa a freqüentar um círculo mais influente de escritores. Publica matérias em diversos jornais, mas não para de escrever literatura.




Em 1942 publica seu primeiro romance, Perto do Coração Selvagem. Nesse mesmo ano começa a namorar o colega de faculdade, Maury Gurgel, com quem se casaria no ano seguinte. Ela conclui o curso de direito.


Ele também, e, através de concurso, ingressa na carreira diplomática. Em 1946 se mudaria pra Suiça, lugar onde o marido havia sido designado. Lá ela passa uma fase que chamou de “miséria existencial”, só quebrada pelo nascimento de seu primeiro filho, Pedro, em 48.


No ano seguinte voltou com a família para o Rio. Em 53 nasce Paulo, seu segundo filho. O casamento começa a dar sinais de crise, chegando ao fim em 1959. Muitos de seus livros são rejeitados pelas editoras, o que deixa Clarice com uma indisposição total com relação a tudo o que faz. Mas mesmo assim continua escrevendo.


A partir do lançamento de A Paixão Segundo G H, sua obra passa a ser vista com melhores olhos tanto por público quanto por crítica. Mas mesmo tendo obras republicadas e traduzidas pra diversos idiomas, sua situação financeira ainda é bem ruim.



Em 1966, em seu apartamento, dormiu com o cigarro aceso e provocou um incêndio que quase a matou. Ficou dois meses no hospital, e quase teve a mão direita amputada, por causa das queimaduras. Clarice cai em depressão.


Mas ela continua escrevendo. Afinal, sua vida foi isso: Escrever.


Acho que já falei demais. Pra quem quer saber mais, compra a biografia dela lançada pelo Benjamin Moser pela Cosac Naify. Firmeza? Eu ainda não li, mas desse ano não passa.


Ah, pra finalizar, Clarice morreu em 1977, aos 56 anos.



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