terça-feira, 26 de junho de 2012

Lélia Gonzalez



Lélia Gonzalez de Almeida nasceu em Belo Horizonte, 1935.  Tinha 59 anos quando faleceu, em 10 de julho de 1994, no bairro de Santa Teresa, na cidade do Rio de Janeiro.

Nesta excelente entrevista, dividida em 2 partes, Lélia fala sobre sua vida e trabalho.

Quando Lélia era criança, sua família instalou-se no Rio, na favela do Pinto, bairro do Leblon, ao lado do Clube de Regatas do Flamengo, onde jogava (e depois foi técnico) seu irmão, Jaime de Almeida (nascido em 1920), por quem nutria enorme admiração e nos passos de quem seguiu torcendo pelo Flamengo e gostando muito de futebol.  Logo depois, a família mudou-se para o subúrbio, para uma casa em Ricardo de Albuquerque.  Pela localização da residência, se percebe que Lélia viajou muito no trem suburbano da Central do Brasil, junto com o “povão” (como dizia), principalmente quando estudou no Colégio Estadual Orsina da Fonseca (ao lado do terminal da Central do Brasil, no centro da cidade) e no Colégio Pedro II (na Av. Marechal Floriano, também próximo a Central do Brasil).


Lélia era a penúltima de 18 irmãos/ãs; filha de pai negro, ferroviário, e mãe índia.  À medida que irmãs e irmãos iam constituindo novas famílias, Lélia cuidava da mãe, já residindo na Tijuca, até o final dos anos 1960, quando Dona Urcinda faleceu.  Casou-se aos 28 anos, para assumir definitivamente o sobrenome Gonzalez.


Nas escolas e nas faculdades (graduou-se em História/Geografia e Filosofia) era reconhecida pela dedicação e inteligência.  O catedrático Tarcísio Padilha logo percebeu a capacidade daquela aluna negra e convidou-a para ser sua assistente, no curso de Filosofia, na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e, mais tarde, na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Como educadora, Lélia lecionou em muitas escolas de nível médio, em faculdades e universidades.  Foi professora no Instituto de Educação, no Colégio de Aplicação (UERJ), na rede estadual de ensino.  Pela inteligência e conhecimento que demonstrava na argumentação e por sua capacidade de comunicar e instigar alunos e alunas à reflexão, a professora negra foi muito bem recebida em escolas confessionais, tendo sido, também, professora convidada no Centro de Estudos de Pessoal, do Exército Brasileiro, por alguns anos.


No final dos anos 1960 e início de 1970, Lélia era uma assumida mulher negra: “Essa questão do branqueamento bateu forte em mim e eu sei que bate muito forte em muitos negros também. Há também o problema de que, na escola, a gente aprende aquelas baboseiras sobre os índios e os negros; na própria universidade o problema do negro não é tratado nos seus devidos termos.”

Foi em 1982 que Lélia escreveu “Lugar de negro”, junto com Carlos Hasenbalg.  E por que demoraria 12 anos para gritar, por escrito? Porque só em 1982 Lélia teria firmado na escrita que “O lugar natural do grupo branco dominante são moradias amplas, espaçosas, situadas nos mais belos recantos da cidade ou do campo e devidamente protegidas por diferentes tipos de policiamento: desde os antigos feitores, capitães do mato, capangas, etc., até a polícia formalmente constituída.  Desde a casa-grande e do sobrado, aos belos edifícios e residências atuais, o critério tem sido sempre o mesmo.  Já o lugar natural do negro é o oposto, evidentemente: da senzala às favelas, cortiços, porões, invasões, alagados e conjuntos “habitacionais” (cujos modelos são os guetos dos países desenvolvidos) dos dias de hoje, o critério também tem sido simetricamente o mesmo: a divisão racial do espaço.”?


Antes de mostrar na escrita, Lélia mostrava na palavra, na oralidade.  Na verdade (para usar uma expressão corrente em sua linguagem), sua proposta sempre foi falada.  Quando compreendeu teoricamente a questão da opressão e da exclusão, Lélia continuou fazendo exatamente a mesma trajetória teórica e intelectual que seguia anteriormente, mas, nesse momento, ela se dedica à leitura dos pensadores negros, da história do povo negro, das rainhas negras, lendo e refletindo noite adentro.  A inteligência e a desenvoltura teórica – que continuou exercendo institucionalmente, como professora na Pontifícia Universidade Católica, até o final da vida, tendo sido eleita Chefe do Departamento de Sociologia, um mês antes – foi posta a serviço da realidade e da necessidade do povo negro e, em especial, das mulheres negras.  Lélia passa a ser a grande referência teórica do Movimento Negro (principalmente do novo MN, nos anos 1970, que ajudou a fundar).  É a primeira intelectual negra no País.  É nessa condição que está citada no Dicionário “Mulheres do Brasil”, na Enciclopédia Encarta Africana e, em “Mulheres Negras do Brasil. É nessa condição que tornou-se referência como matrona para grupos de mulheres negras, bibliotecas, salas de leitura, prêmios, escolas, jornadas, seminários, dentre outros, conforme consta na indicação das homenagens em seu site oficial. http://www.leliagonzalez.org.br/


Para saber mais, taqui uma entrevista escrita:


segunda-feira, 25 de junho de 2012

Frida Kahlo


[nota: aqui não vou colocar nenhuma obra da Frida. Só fotos dela. Pra quem tá interessado, o google tá aí pra isso]




Pra início de conversa, se vc ainda não viu o filme que a Salma Hayek fez sobre a Frida, larga tudo o que tá fazendo e vá assisti-lo. Trata-se dessas obras apaixonadas, movidas por um respeito e admiração que transbordam da tela.


Nascida em Coyoacán, uma pequena cidade nos arredores da Cidade do México, em 1907, Magdalena Carmen Frieda Kahlo y Calderón era a terceira de quatro irmãs. Seu pai tinha a pintura como passatempo. Aos 6 anos contrai poliomielite, o que deixou a perna direita mais fina que a esquerda. Recebeu o apelido de 'Frida perna de pau' e passou a usar calças e longas saias pra disfarçar. Gostava de praticar esportes, como o boxe.

Com a família, em 1926.

Dos 15 aos 18 tem aulas de desenho e modelagem na Escola Nacional Preparatória. Aos 18 aprende a técnica de gravura. Neste ano ela sofre um grave acidente num bonde que se chocou com um trem. Um pedaço de ferro atingiu suas costas, atravessou a pélvis e saiu pela vagina, causando uma grave hemorragia e deixando Frida vários meses no hospital, entre a vida e a morte. Teve de operar cerca de 35 vezes reconstruindo diversas partes do seu corpo. Teve de usar permanentemente coletes ortopédicos, e nunca conseguiu chegar ao fim de uma gestação. Tinha dores terríveis, que a acompanharam para o resto da vida.




Foi durante sua convalescença que começou a pintar, usando as tintas do pai e um cavalete adaptado à cama. Seus trabalhos eram quase todos auto-retratos.










Três anos depois, em 1928, entrou para o partido comunista, onde militava o conhecido muralista Diego Rivera, com quem se casou no ano seguinte. Frida pedia vários conselhos a Diego, que já era um artista de renome, e foi desenvolvendo uma arte bastante pessoal, mas que espelhava elementos da identidade nacional mexicana.








Entre 1930 e 33 passa a maior parte do tempo entre Nova Iorque e Detroit, com Diego. O casamento dos dois era muito turbulento, pois Diego tinha várias amantes, e Frida também, incluindo homens e mulheres. Chegaram a se divorciar em 1939, mas casaram-se novamente no ano seguinte. Ela tentou diversas vezes o suicído, e sofria um tantão com as traições do marido (que incluíram até sua irmã).




Aqui, com a amiga Tina Modoti.

André Breton, em 1938, qualifica sua obra como surrealista, mas Frida rebate: "Pensavam que eu era uma surrealista, mas eu não era. Nunca pintei sonhos. Pintava a minha própria realidade."








Em 1937 Leon Trotsky recebeu asilo político no México, e passa um tempo na casa de Frida e Diego. Ele e Frida tiveram um caso, e em 1940 foi assassinado.






Nos anos seguintes, Frida continuou sofrendo e pintando, aos poucos recebendo reconhecimento por sua obra. Morreu em 1954, não se sabe ao certo se por pneumonia, envenenamento ou suicídio.





quinta-feira, 21 de junho de 2012

Emma Arvida Bystrom


Esta sueca que mora em Estolcomo ainda é uma artista em fase de desenvolvimento. Mas mesmo assim acho mais que fundamental postar aqui algumas de suas fotos, que causam aquele maravilhoso estranhamento que só as obras provocantes são capazes de causar.

Como se trata ainda de uma fotógrafa muito jovem, não há tantos trabalhos pra serem vistos. Mas vou colocar aqui as fotos de dois que tiveram uma relativa repercussão. O primeiro deles se trata de um ensaio de moda feira para a revista VICE, que traz mulheres menstruadas como modelos. Recomendo fortemente a leitura deste texto da Thaís Campolina, no Ativismo de Sofá (foi lá que eu descobri o trampo da Emma). E logo em seguida tem simples e genial ensaio com as mulheres de barba.



















Pra quem curtiu a mina, dá pra passar horas no blog dela. Lá tem muitas fotos, alguns textos em suecos e outros em inglês. Boa diversão. http://arvidabystrom.blogspot.com.br/