segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Nan Goldin


A Lívia já tinha me falado dela, sobre aquela foto que ela fez de si mesma logo após ter sido agredida pelo seu companheiro. Mas a motivação deste post surgiu da proibição de algumas fotos [o que resultou no veto da exposição inteira] por parte da Oi Futuro, que faria a exposição no Rio. Depois de muita pressão, a empresa resolveu transferir a mostra pro Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Menos mal.


Nan nasceu em 1953, em Washington. Começou a fotografar aos quinze, e aos vinte realiza sua primeira mostra solo, resultado de seu trabalho na comunidade gay e transexual da cidade de Boston. Graduou-se em artes e se mudou pra Nova York. Viveu uma vida intensa, regada a drogas e desregrada pelos amores. Já apanhou do namorado, sua irmã cometeu suicídio na linha do trem quando tinha 18 anos, e todos os seus amigos morreram de aids nos anos 80.

Hoje ela vive em Paris, e como ela mesmo diz, "Esse não é o melhor lugar para emoções. Não amo mais ninguém, sou eu e poucos amigos"

[meu trabalho]Não é sobre o underground nova-iorquino nem sobre viciados e prostitutas. É sobre relacionamentos entre homens e mulheres e por que são tão difíceis. Amor vem acompanhado de violência e dor, é sempre um embate entre a autonomia e a dependência. 
Este é o post com mais fotos de toda a história desse blog. Portanto, aproveitem.







































Dona Ivone Lara



Nascida em 13 de abril de 1921, Yvonne Lara da Costa era filha de uma cantora de rancho e de um mecânico de bicicletas e violonista. Aos 6 anos seus pais morreram, e ela foi estudar num internato no norte do Rio, onde permaneceu até os 16 anos.


Durante esse tempo do internato foi criada pelos tios e com eles aprendeu a tocar cavaquinho e a ouvir samba, ao lado do primo Mestre Fuleiro. Compôs vários sambas de partido alto, que eram mostrados aos outros sambistas como se fossem do Mestre Fuleiro, já que o ambiente do samba era dominado por compositores homens. Teve aulas de canto com Lucília Villa-Lobos e recebeu elogios do marido desta, o maestro Villa-Lobos.


Casou-se aos 25 anos de idade com Oscar Costa, filho do presidente da escola de samba Prazer da Serrinha, onde conheceu alguns compositores que viriam a ser seus parceiros em algumas composições. Formou-se em enfermagem, com especialização em terapia ocupacional, e foi assistente social até se aposentar em 1977.


Compôs o samba Nasci para sofrer, que se tornou o hino da escola. Com a fundação do Império Serrano, em 1947, passou a desfilar na ala das baianas. Compôs o samba Não me perguntes, mas a consagração veio em 1965, com Os cinco bailes da história do Rio quando tornou-se a primeira mulher a fazer parte da ala de compositores de escola de samba.
Aposentada em 1977, passou a dedicar-se exclusivamente à carreira artística. O vídeo a seguir é a primeira parte de uma programa em homenagem a ela, produzido pela Cultura. Vale a pena gastar um tempinho pra ver todo ele.


Em 1966 fez um show na França, e a partir daí se seguiram vários outros shows internacionais: Ghana, Portugal, Alemanha, EUA, Angola, Itália, Dinamarca e por aí vai.


quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Tina Modoti


Nascida na Itália, em 1896, Tina Modotti é uma dessas figuras únicas, que só cabem em biografias de mais de 500 páginas. Uma mulher surpreendente, dona de uma força raramente igualada. Uma artista engajada politicamente que infelizmente não teve seu trabalho devidamente difundido para a posteridade.


Enfim, importante logo de cara dizer que tudo que sei sobre a Tina vem de uma história em quadrinhos que leva seu nome, escrita e desenhada por Ángel de la Calle, que passou 15 anos trabalhando na biografia. É um trabalho extraordinário, e, se rolar um interessa pelo trabalho da Tina, recomendo fortemente a leitura desse livro.


Integrante de uma família de operários, passou fome e trabalhou numa fábrica de tecidos, até emigrar, com a família, para os Estados Unidos. Em San Francisco, Tina começa a trabalhar com encenações no teatro, óperas e até alguns filmes mudos do fim dos anos 10 e início dos 20. Paralelo a esses trabalhos, ela também posava para artistas.




Conheceu o fotógrafo Edward Weston e através dele desenvolveu uma maior familiaridade com a fotografia, desenvolvendo trabalhos também no campo das artes plásticas e no documentário. Viaja para o México para montar a exposição de seu ex-amante, o artista plástico Robo Richey que havia morrido a pouco.


No México, torna-se a fotógrafa favorita do crescente movimento de murais, documentando o trabalho de José Clemente Orozco e Diego Rivera. Tina também passa a integrar o cenário boêmio da capital, o que a aproxima de diversos líderes políticos de esquerda. Em 1927 filia-se ao partido comunista. A partir daí suas fotos ganham um forte caráter militante.





Algumas fotos da Tina

Após uma feroz campanha anticomunista no México, Tina foi expulsa do país em 1930. Passou pela Alemanha e pela Suiça, tencionando ir lutar na resistência anti-fascista da Itália. Mas essa viagem não rolou, e ela acabou indo pra Moscou. Com o início da guerra civil espanhola, Tina se muda pra Espanha, onde luta na resistência e vê muita morte e desgraça.

Em 1939 retorna para o México, com a saúde bastante abalada. Sofre um ataque cardíaco em 42 e morre dentro de um táxi que a levaria para casa. Foi enterrada com a bandeira vermelha com a foice e o martelo sobre o seu caixão, ao som da Internacional.
Tina fotografada pelo Edward Weston