Até que enfim eu assisti ao filme da Nora Ephron, o Julie e Julia. Uma delícia. Quem interpreta a Julia Child é a Meryl Streep, que é talvez a minha atriz preferida em todo o mundo. Estava pensando comigo, o bacana desse blog é que depois de ver um filme sobre uma mulher foda, sentar na frente do leptop pra pesquisar sobre ela é um exercício de aprofundamento em sua vida e também uma oportunidade de compartilhar com vocês sobre as boas impressões que eu tive sobre ela. Mas vamos parar de blábláblá e falar sobre a Julia.
Nascida em Passadena, em 1912, Julia Carolyn McWilliams, seu maior destaque desde cedo foi ser alta. Bem alta. Tinha um metro e oitenta e oito de altura. Praticava esportes na escola, e após sua formatura na universidade mudou-se para Nova York para trabalhar com publicidade. Na época da segunda guerra foi trabalhar pro exército, no Escritório de Serviços Estratégicos. Serviu um tempo na China, e no Sri Lanka conheceu Paul, que viria a ser seu futuro marido.
Casaram-se em 1946 e dois anos depois mudaram-se para Paris, pois Paul era um tipo de embaixador americano lá. O casal não podia ter filhos, mas era muito feliz. Paul apresentou a Julia os prazeres da comida francesa, e a paixão foi arrebatadora. Descreveu da seguinte forma um prato de ostras: "uma abertura da alma e do espírito pra mim".
Estudou na escola de culinária Le Cordon Bleu e depois teve aulas com o chef Max Bugnard, junto com outros chefs mais experientes. Passou a frequentar um clube feminino chamado Gourmettes Cercle e lá conheceu Simone Beck e Louisette Bertholle, que se tornariam suas grandes amigas. Juntas montaram, no ano seguinte, uma classe de culinária, e também passaram a trabalhar num projeto de um livro de receitas francesas para cozinheiras americanas. Nos anos de 1950 não havia nenhuma literatura na área em inglês.
O livro foi sendo desenvolvido e tomava proproções gigantescas. Foi repetidamente rejeitado por várias editoras, até que em 1961 Alfred A. Knopf publicou as 734 páginas de A Arte da Culinária Francesa. A obra rapidamente tornou-se um best seller, e Child passou a escrever para o jornal The Boston Globe. Ao longo de sua vida publicaria ainda cerca de vinte títulos. Além disso comandou inúmeros programas de culinária na televisão ao longo das décadas de 70, 80 e 90. Era uma autoridade adorada pelos amantes de comida. No final dos 90 passou a ser muito criticada por nutricionistas por usar manteiga e creme em suas receitas. Ela respondeu:
"Todo mundo está exagerando. Se o medo dos alimentos continua, será a morte da gastronomia nos Estados Unidos. Felizmente, os franceses não sofrem a mesma histeria que fazemos. Devemos desfrutar da comida e se divertir. É um dos prazeres mais simples e agradáveis na vida ".
Em 1992, após a morte de sua amiga Simone, Julia decide sair da França. Seu marido Paul já estava muito mal, e desde 89 morando numa casa de repouso. Ele morreu em 1994. Em 2001 Julia se mudou para uma comunidade de aposentados em Santa Bárbara. Recebeu diversas homenagens de governo e universidades. Morreu em 2004, prestes a completar 92 anos.