sexta-feira, 30 de março de 2012

Clarah Averbuck


Esses dias eu peguei na biblioteca um livro intitulado "25 mulheres que estão fazendo a nova literatura brasileira", uma coletânea de contos que tem sido uma ótima companhia nesses últimos dias. Espero conseguir escrever sobre todas elas aqui no blog, a começar pela Clarah.


Clara (sem o agá mesmo) Averbuck Gomes nasceu em Porto Alegre, em 1979. Seu pai era músico, e sua mãe estudante de jornalismo, um jovem casal hippie que criou sua filha rodeada de livros. Talvez por isso mesmo, Clara odiava a escola, tanto que parou de estudar no meio do segundo grau. Fez supletivo pra poder entrar na faculdade. Feito o supletivo, cursou letras e depois jornalismo, na PUC-RS, mas não passou de um semestre em cada curso.

Como vcs podem perceber, uma garota altamente inquieta.


Começou a escrever e publicar seus textos na internet. Passou por sites como Não-til, da Casa de Cinema de Porto Alegre, e depois pelo CardosOnline. Mas aí ficou de saco cheio de Porto Alegre e, aos 22 anos, mudou-se pra São Paulo.


Foi morar no quarto de empregada de um amigo, que morava na Vila Madalena. Logo no terceiro dia que estava em SP, começou a escrever aquele que seria seu primeiro romance, Máquina de Pinball, publicado no ano seguinte. Nesse mesmo ano criou um blog chamado Brasileira!preta, que chegava a ter 1800 acessos por dia. Pra quem quiser dar uma espiada, os texto ainda tão todos lá. http://brazileirapreta.blogspot.com.br/


Quando esse amigo se mudou, Clarah foi pra casa de um outro amigo. E quando esse se foi, ela se virou, arrumando uns trampos esporádicos e dando seus pulos. E assim foi. Em 2003 publicou Das Coisas Esquecidas Atrás da Estante, e em 2004 Vida de Gato. Daí ela abandonou o antigo blog e em 2006 passou a escrever nesse aqui, ó: http://adioslounge.blogspot.com.br/ .


Mas o rolê de Clarah não fica restrito ao campo literário. Ela também é vocalista de algumas bandas. A mais ativa e conhecida (que consegui encontrar e tal) é o Clarah Averbuck & The Oneyedcats. O link tá aqui, se vcs tiverem afim de dar uma escutadinha. http://www.myspace.com/oneyedcats.



Ah, antes que eu me esqueça de mencionar, dois de seus livros foram adaptados no filme do Murillo Salles, Nome Próprio. É um bom filme, vale a pena dar uma conferida. Hoje, Clarah se dedica à escrita de dois livros, além da música e dos blogs. Aliás, aí vai os links pra dois de seus atuais trabalhos.

Essa é a Catarina, filha de Clarah.
http://entretenimento.r7.com/blogs/clara-averbuck/

http://entretenimento.r7.com/blogs/ex-trico/

Unh... acho que é isso.


quinta-feira, 29 de março de 2012

Xuxa Meneghel


Taí uma figura onipresente na infância de qualquer um que nasceu entre o início dos oitenta e meados dos noventa. Se não fosse assistindo ao seu programa pelas manhãs, certamente era na festinha de algum amiguinho, onde a fita do show da Xuxa tocava sem descanso. Ainda na ativa no rolê artístico, Xuxa é uma figura que mudou muito com o tempo. Vale então dar uma acompanhada nesses caminhos e descaminhos.


Maria da Graça Meneghel, nascida em março de 1963, no Rio Grande do Sul. Aos sete anos se mudou com a família pra um subúrbio do Rio de Janeiro. Aos 15 anos foi abordada por um empresário de moda, que a convidou a tentar ser modelo. E nessas campanhas e trabalhos publicitários que Xuxa conheceu o Pelé.


Pelé  e Xuxa começaram a namorar quando ela tinha 17 e ele 40. Seu trabalho de modelo, que já tava caminhando bem, deu uma guinada com a popularidade de Pelé. Seus contatos profissionais se multiplicaram, e só em 1980 ela fez 80 capas de revista. Xuxa e Pelá ficaram no total 6 anos juntos.




Em 1982 sua popularidade estava em alta. Fazia aparições no programa dominical dos trapalhões, e no programa de sábado do Jô Soares, o Viva o Gordo. Neste ano fez um ensaio pra Playboy e uma participação no filme Amor Estranho Amor, de Walter Hugo Khouri. Gostaria de falar um pouco mais sobre esse filme, pois é muito comum ouvir por aí que a Xuxa fez um filme pornô. Porra, isso é uma puta ignorância. Amor Estranho Amor é um drama sério, adulto, que lida com as memórias de um personagem que ainda não se libertou de seu complexo de Édipo. Além de toques freudianos, o filme é muito marcado pelo cinema existencialista do Antonioni. Enfim, Khouri foi um dos grandes mestres de nosso cinema. É no mínimo deprimente ver sua obra diminuída a um mero pornô [o filme completo, com qualidade ruim, pois nunca foi remasterizado, vai a seguir].



Nos anos 90, ela comprou os direitos do filme, que teve a maioria de suas cópias recolhidas. Até hoje o filme pertence a ela.


O que parece que se esqueceu é que a figura da Xuxa, nesse início de carreira, era altamente erotizada.




Até seu primeiro programa de tv, o Clube da Criança, na Manchete, de 1983, era bem erotizado, com aquelas roupinhas curtas e talz. E isso continuou em 1986, com o Xou da Xuxa, na globo. Tinha até aquela marquinha de batom que ela deixava na molecada, vcs lembram? E as paquitas!!!


Foi na globo que ela começou a ser chamada de Rainha dos Baixinhos.



No início de seu programa na Manchete, Xuxa gravava aos finais de semana e voava pra Nova Iorque nos dias úteis pra trabalhar como modelo. Já na globo seu programa era diário, e foi aí que seus discos foram lançados e tiverem vendas brutais. Mesmo. Vendeu muito.


Voltando pro cinema, Xuxa ainda fez o filme Fuscão Preto, de 83, a alguns filmes com os Trapalhões, que levavam multidões aos cinemas. Até que em 1988 ela fez o supremo Super Xuxa Contra Baixo Astral, uma aventura inventiva e divertida, contracenando com o grande comediante Guilherme Karan. Sucesso absoluto de público.



Mas foi em 1990 que seu maior sucesso foi lançado: Lua de Cristal, uma cópia descarada do filme Labirinto, que fora estrelado pelo David Bowie em 1986 [incrível, achei o filme completo no youtube, dá pra curtir fácil fácil].


Enfim, o que dizer mais que isso? Xuxa é uma fábrica de fazer dinheiro. Brinquedos, discos, roupas, vídeos. Seus filmes com os trapalhões sempre arrebentaram na bilheteria. A partir de 1999, com Xuxa Requebra, seus filmes são garantias absolutas de rendimento.


Em 1998 sua primeira e única filha nasceu, Sasha, o planejado resultado de seu romance com Luciano Szafir. Xuxa segue com seus programas na globo, seu ativismo pelos direitos das crianças e dos animais, lançando vez ou outra algum vídeo pra molecada, que, claro, vende horrores.


quarta-feira, 28 de março de 2012

Pina Bausch


Ontem eu tive o prazer de ver o assombroso Pina, uma homenagem do Wim Wenders ao trabalho da coreógrafa e dançarina alemã Pina Bausch. O filme foi captado em 3D, o que faz com que a experiência de espetáculo alcance níveis inéditos. Fica a dica.


Phillippine Bausch nasceu em 1940, em Solingen, Alemanha. Terceira filha de um casal proprietários de um hotel-restaurante, Pina começou seus estudos em dança aos 14 anos, na Folkwang School, sob os cuidados do diretor e coreógrafo Kurt Jooss, formando-se em dança e pedagogia 3 anos mais tarde.






E então, em 1969, recebeu uma bolsa pra estudar na Julliard School, em Nova Iorque. E foi com um de seus professores, Anthony Tudor, que começou a se apresentar no Metropolitan Opera Ballet Company, e com Paul Taylor no New American Ballet. Apresentou-se também na Itália, antes de voltar pra Alemanha, em 1962, pra dançar no recém-fundado balé da Folkwang, de Kurt Jooss.







Em 1973, aos 33 anos, Pina é contratada para dirigir o Wuppertaler Tanztheater, mais tarde mudado para Tanztheater Wuppertal Pina Bausch. O trecho a seguir eu copiei do site do doc do Wenders.


Pina aprendeu a observar as pessoas, acima de tudo o que as move no fundo. Em seu primeiro trabalho, pequenas partes do ambiente da infância parecem ressoar: o som da música, as pessoas indo e vindo, falando de seu desejo de felicidade. Mas também a experiência precoce de guerra se reflete nas peças, com explosões súbitas de pânico e medo de uma ameaça anônima.
Em 1978, Pina Bausch mudou a forma como trabalhava, ao ser convidada pelo diretor Peter Zadek a desenvolver a sua versão de Macbeth, de Shakespeare. Então, ela lançou a produção Bochum com apenas quatro bailarinos, cinco atores e um cantor. Pina Bausch finalmente encontrou uma forma para seu trabalho, com as suas oníricas imagens poéticas e linguagens de movimento, sendo essa razão para o rápido início de sucesso global. Começando com as emoções humanas básicas, com os medos e necessidades, bem como os desejos e anseios, o Tanztheater Wuppertal não só é compreendido em todo o mundo, mas também provoca uma revolução internacional coreográfica.




Ah, como curiosidade, Pina participou do filme de Federico Fellini, E La Nave Va, de 1983. A foto de sua personagem é essa aí de cima. E em 2002 fez uma participação no filme de Pedro Almodóvar, Fale Com Ela. A belíssima cena vai a seguir.


Pina morreu em 30 de junho de 2009, cinco dias depois de ter sido diagnosticada com câncer, e dois dias antes do início das filmagens do Wim Wenders.



sexta-feira, 23 de março de 2012

Bettie Page


Qualquer criança que curta rockabilly ou tatuagem, ou, sei lá, fetiche, sabe quem é a Bettie. Um ícone, até hoje considerada a Rainha das Pin-ups.


Betty Mae Page nasceu em 1923, numa família pobre, a segunda de seis filhos. Quando tinha 8 anos seu pai foi preso por alcoolismo e desordem, sua mãe teve que arrumar dois empregos e Bettie foi pro orfanato com sua irmã, onde passou um ano.


Quando tinha 15 anos, Bettie foi violentada pelo pai, que havia voltado da cadeia. Mas mesmo com essa miserável vida de merda, ela era uma boa estudante, muito interessada em cinema e no mundo da moda. Ganhava algum dinheiro com costura, e coordenava o grupo de artes dramáticas na escola.


Aos 20 anos casou-se com o namorado e saiu de Nashville pra ir morar em São Francisco. Viajou com ele para o Taiti, conhecendo um mundo exótico que influenciaria seu trabalho posteriormente. Divorciaram-se após 5 anos de casamento.


Bettie foi então pra Nova Iorque, onde conheceu o policial, e também fotógrafo, Jerry Tibbs, que criou essa imagem de pinup, aconselhando a franja pq a testa de Bettie era muito larga. Investindo na moda, ela criou sua própria linha de maiôs, bikinis e tangas.









Ela tinha um trabalho como secretária, mas posava como freelancer - o que se provou mais lucrativo. Numa dessas sessões de fotos, o fotógrafo disse que só pagaria se ela fizesse poses com bondage. Foi aí que o presidente do senado a chamou pra depor, por apologia ao sadomasoquismo. Era o necessário para que uma porção de revistas a chamasse pra posar como dominatrix.


Em 1955 posou para a playboy, sendo muito bem acolhida por Hugh Hefner, que aliás sempre a ajudou financeiramente, até o final de sua vida.


Em 1958 casou-se novamente, tornando-se uma devota religiosa e abandonando permanentemente a vida artística. O fim de sua vida foi marcado pela depressão, mudanças violentas de ânimo e vários anos de internação em um hospital psiquiátrico público.

Seu site: http://www.bettiepage.com