Isadora Duncan nasceu em São Francisco, Califórnia, em 1877,
caçula de quatro irmãos. Seu pai era um banqueiro apreciador das artes, mas
logo que Isadora nasceu seu pai perdeu o banco, e a família ficou extremamente
pobre. Seus pais se divorciaram três anos depois, e a mãe levou os filhos para
Oakland, onde sobreviveu como pianista e professora de música.
Isadora e a irmã davam aulas de música pras crianças do
bairro, pra dar uma força no orçamento de casa. Ela abandonou a escola por
considera-la restritiva à sua individualidade, e um tempo depois abandonou a
Companhia de dança Augustin Daly´s, de Nova Iorque, por se desiludir com seu
formato.
Aos 22 anos, Isadora muda-se para Londres, e no ano seguinte
vai pra Paris. É na Europa que consegue obter sucesso com sua dança, que fugia
às regras rígidas do balé tradicional. Ela era inspirada pelas figuras de
dançarinas nos vasos gregos, e sua proposta de trabalho abraçava a
improvisação, inspirando-se também nos elementos da natureza, como água, vento,
plantas. Apresentava-se com túnicas leves, sempre com os pés descalços, usando
como cenário apenas uma cortina azul. Usava músicas que habitualmente eram tidas
apenas para apreciação auditiva, como Chopin e Wagner.
Este vídeo, produzido por alunos da UFOP, é fundamental. Vale a pena ver.
Em Paris, estabeleceu sua escola no primeiro andar de um
prédio, vivendo ela própria no térreo, e angariando muitos alunos, sempre com o
ensinamento de que o balé clássico é feio e contra a natureza. Em 1916 viajou
ao Brasil, onde se apresentou no Rio e em São Paulo. Escreveu sobre o fato em
sua autobiografia:
A esta cidade chegamos sem dinheiro e sem bagagem, mas no diretor do Teatro Municipal encontramos um homem assaz gentil, que tudo nos facilitou. Aí também defrontei um daqueles públicos inteligentes, vivos e vibrantes, que permitem aos artistas oferecer-lhes tudo que de melhor trazem em si. Aí conheci também o poeta João do Rio, muito querido da mocidade do Rio, onde, aliás, todos parecem ser poetas. Quando passeávamos juntos, éramos seguidos pela rapaziada, que gritava: “Viva Isadora! Viva João do Rio!”.
Isadora era fora dos padrões, tanto profissionalmente quanto
na vida pessoal. Teve dois filhos fora do casamento, um com um produtor
teatral, e um outro com um milionário, dono da Singer. Era bissexual e fez
alusão ao comunismo durante sua última turnê nos EUA, acenando uma bandeira
vermelha no palco, mostrando os seios e dizendo “Este é vermelho. É assim que
sou”. Em 1913, seus dois filhos morreram
afogados no rio Sena, num acidente de carro. Ela se afastou durante vários
meses do trabalho e da vida em geral.
Em 1922 muda-se pra Moscou, de acordo com sua já citada
simpatia pela União Soviética. Casou-se com um poeta russo 18 anos mais
novo, que era alcoólatra. Mas, não recebendo ajuda do governo pra sua arte, e
vivendo de forma espartana, resolve largar tudo e vazar de volta pro Ocidente.
Em 1925 seu ex-marido poeta se mata.
Isadora achava essa rotina de shows e turnês um saco. O que
ela gostava mesmo era de ensinar. Fundou algumas escolas, que ensinava diversos
jovens – tentaram ensinar os garotos, mas não deu muito certo. Há até uma escola dela aqui no Brasil, no Mato Grosso do Sul.
Seus últimos anos foram um tanto decadentes, devido a seus
romances com mulheres, problemas com álcool e acúmulo de dívidas. Com a ajuda e
incentivo dos amigos, publica sua autobiografia, que foi tida em mais alta
conta.
Em 1927, entrou num conversível, dirigido por um mecânico,
que era seu amante. Ao entrar no carro, disse “Adeus Amigos. Vou para o amor”. (na época, uma amiga afirmou que ela havia dito "Vou para a glória", frase desmentida mais tarde). Ela usava uma longa echarpe de seda, que no caminho se enroscou numa das rodas,
quebrando seu pescoço. Alguns dizem que ela foi arremessada para fora do carro,
outros que foi estrangulada e quase decapitada.
Mas o que importa é o seu legado, seu sucesso em reabilitar
a dança como uma arte sagrada, rompendo as convenções e voltando a suas raízes.
Isadora e suas pupilas
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