Crianças. Calma.
Antes de lerem esse meu humilde post (que não passa de uma compilagem barata de informações), cliquem aqui nesse link e leiam o ótimo texto sobre a Valesca publicado lá no Ativismo de Sofá:
http://ativismodesofa.blogspot.com.br/2012/05/dialetica-da-popozuda-linguagem-poder.html#comment-form
Botei até a página com comentários, pq a discussão é boa.
Leram?
Então agora ouçam essa música. É rapidinho, dura só 3 minutos.
Te parece sexista, barato, sem qualidade e machista pra cecete? Pois a mim não. Me parece, ao contrário, a voz de uma mulher que lida muito bem com sua própria sexualidade, que se apropria de um discurso sexual - que tradicionalmente pertence à esfera masculina - e não tem nenhuma vergonha de isso. Ao contrário, tem é orgulho.
Ok, então vamos falar de uma mina que honra sim o rolê. Aliás, honra pra caralho. Ou melhor, honra pra buceta! Essa mina é a Valesca Popozuda. Nascida no Rio, em 1978, Valesca Reis Santos já trabalhou como frentista de posto de gasolina, mas seu gosto pelo funk a levou a ser dançarina do grupo Funk das Popozudas. Em questão de algum tempo, passou a cantar também. Vivia mandando cds com músicas suas pros djs dos bailes funks botarem pra tocar, mas eles sempre tocavam só no fim, quando não tinha mais ninguém. Até que em 2000 conseguiu emplacar o sucesso Vai Danada, pelo selo independente Furacão 2000. A Gaiola das Popozudas é sem dúvida alguma o maior grupo de funk feminino do país.
O sucesso no Rio foi fulminante, e logo Djs gringos passaram a usar suas músicas passaram a usar suas músicas em suas compilações. E daí foi só ascensão. Valesca foi rainha de bateria de escola de samba, posou pra Playboy e vendeu horrores, e já se apresentou em diversos países. Enfim, se liguem aí nesse clipe. É o que eu mais gosto, sem dúvida:
Enfim, eu vivo no meio universitário, onde a galera exalta o Cartola (um cara genial mesmo), mas que apedreja o pagode. Isso tem nome, e é elitismo. Sei que tem muita gente boa que acha que a Valesca só tá reforçando preconceitos e tal, mas eu vejo diferente. Eu vejo uma mina forte, que fala com o linguajar de uma parcela considerável do povo do nosso país, e que encara a própria sexualidade de maneira muito decidida, como poucas conseguem fazer. Deixo pra vcs outra das minhas favoritas, que aliás tem tudo a ver com a Marcha das Vadias:
Acho que é isso por enquanto. O site das minas da Gaiolas é esse: http://www.gaioladaspopozudas.com.br/
E se vc quiser mesmo saber mais sobre o que ela pensa, sem intermediações de detratores e de entusiastas, taqui uma entrevista dela pra Marília Gabriela.
Ah, e pra quem gostou do som dela, tem umas músicas ótimas que ela gravou com o MC Catra. É só procurar lá no youtube e vc encontra.
A seguir, algumas declarações dela:
“Tem gente que diz que mostrar o corpo no palco, como eu faço, é também uma forma de submissão. Mas não estou nem aí. O corpo é meu e faço o que quiser com ele e com a minha sensualidade. O problema é meu. Ninguém tem nada a ver com isso. Isso vale para todo mundo: para a mulher, para o gay, para o bi.”
“Quando comecei a cantar não tinha muita noção de quem iria atingir. Só comecei a entender que minha música poderia ser usada como um discurso quando as próprias mulheres chegavam para mim e diziam que o que eu cantava dava força para elas fazerem o que queriam e que eu falava muitas coisas que elas tinham vontade de falar. Tenho uma música em que falo ‘Agora sou solteira e ninguém vai me segurar’. É isso! Ninguém tem que mandar em ninguém, cuidar da vida de ninguém. Elas dizem: sou isso mesmo! Faço o que quiser e o resto que se f...!”
“Tem gente que diz que no palco é uma coisa e na vida real é outra. Eu sou o que eu canto. Seu eu quiser dar, eu dou e ninguém tem nada a ver com isso. Na minha vida mando eu. Já fui muito criticada. Aliás, quem não é? Não adianta nada ter medo da opinião alheia. Todo mundo fala mal de todo mundo. Até do mais certinho.”
“No começo da ‘Gaiola das Popozudas’, as mulheres que iam aos meus shows me xingavam, me chamavam de piranha e até já chegaram a me tacar latinha de cerveja. Aos poucos elas foram começando a curtir e vendo que o que eu estava cantando poderia ser a história de qualquer uma. Que ninguém tem que ser julgado pelo jeito que exerce sua sexualidade. Hoje 80% do meu público é de mulher. Conquistei aos pouquinhos. Isso foi o mais importante para mim.”
“Sonho com o dia que vão parar de rotular as mulheres de puta ou piranha por causa de sua postura de vida, por causa de um determinado trabalho, como é o meu caso. Ninguém tem que julgar ninguém por causa do seu corpo. Por que a mulher que beija dois é piranha e o cara que beija duas é garanhão?”
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