Já faz alguns meses que escrevi aqui no blog sobre a atriz e diretora de filmes pornográficos, Nina Hartley. Algumas garotas me sugeriram que eu escrevesse também sobre a Erika Lust, que possui um trabalho até mais importante e de maior alcance. Demorou, mas chegou a vez dela. Mais uma mina honrando o rolê no estigmatizado e polêmico universo do pornô.
"A pornografia é uma grande parte da cultura na qual estamos inseridos. Mulheres não podem simplesmente ignorar o pornô, temos que participar e discutir este gênero muito influente"
Erika Lust nasceu em Estocolmo, na Suécia, em 1977. A Suécia dessa época era um país com uma forte cultura de liberalismo sexual, onde a pornografia estava se aproximando do mainstream e as feministas começavam a se dividir sobre essa questão. Ou seja, era um lugar completamente diferente do nosso Brasilzão dominado pelo catolicismo e regime militar.
Erika formou-se em Ciências Políticas, especializando-se em feminismo pela Universidade de Lund. Aos 23 anos mudou-se para Barcelona, trabalhando em escritórios de empresas de publicidade. Já havia feito alguns curtas na universidade, mas foi na Espanha que a idéia de filmar à sério começou a tomar forma. Decidida a trabalhar com pornografia a seu modo, em 2004 montou sua própria empresa, a Lust Films, pois só assim teria a liberdade pra fazer o que quisesse e como quisesse.
"Me aconteceu o que acontece à maioria das mulheres: a primeira vez que vi pornô, acho que foi por volta dos 15 ou 16 anos, não foi um amor fulminante, aliás, muito longe disso. Evidentemente havia algo que me excitava, mas também muitas coisas que me incomodavam. Não me identificava com esses filmes: não parecia meu estilo de vida, nem meus valores, nem mesmo minha sexualidade. Não ficava representado ali o prazer feminino, e a mulher aparecia somente para agradar os homens. As situações concebidas me pareciam ridículas, todas baseadas em fantasias viris e machistas: “a garota entra em casa e vê seu parceiro com sua melhor amiga, e, em lugar de ter um ataque de nervos, decide que fica melhor juntar-se à festa!"
Seu primeiro filme, um curta, foi The Good Girl, lançado em 2004 pra baixar gratuitamente na net. Teve dois milhões de downloads nos primeiros meses, e recebeu o prêmio de melhor curta-metragem no festival internacional de cinema erótico de Barcelona, em 2005. Com uma resposta tão boa do público, Erika lançou um longa em 2007, Cinco Histórias Quentes Para Elas, uma compilação de cinco curtas direcionados a mulheres e casais, premiado em Barcelona, Berlim, Nova Iorque e Toronto. Seus filmes apresentam um trabalho estético muito superior ao à média de produções do gênero.
"Frente um blow-job que chega ao fundo da garganta, proponho sexo oral praticado à mulher. Frente as residências de luxo, proponho casas de um interiorismo moderno. Frente a mafiosos, traficantes, espiões, militares e carcereiros, proponho nossos amigos. Frente às louras putas, às ninfomaníacas, às lésbicas que trepam com homens, agentes secretas assassinas, adolescentes sem rédeas, proponho mulheres modernas, trabalhadoras, liberadas. Frente aos carros esportivos, motos aquáticas, helicópteros e jets privados, proponho um i-phone, um mac, uma Mini, uma Vespa. Frente a um cinema no qual as mulheres ficam sempre disponiveis, proponho outro no qual há que se conquistar o sexo. “Não abro as pernas somente porque me pedes isso.” Se quer ser chamado cinema erótico, bom, a verdade é que efetivamente ficaria melhor se a palavra pornografia fosse evitada, porque tem muitas conotações negativas. Além do mais, minhas influências ficam no mundo do cinema, não no pornô, através de diretoras como Susanne Bier, Sofia Coppola, Kimberly Pierce…"
Em seguida, Erika lançou o documentário Barcelona Sex Project, um doc experimental que explora as vidas, personalidades e orgasmos de seis moradores de Barcelona. Também escreve o livro XXX – Pornô Para Mulheres, que obteve grande sucesso . Tem mais três livros engatilhados pra lançar.
Pra quem tiver afim de conferir uns trechos de seus filmes – e outros de sua produtora – é só entrar aqui e ver alguns trechos: http://www.lustcinema.com/
Ela tem também uma loja virtual onde vende vários artigos eróticos, além dos seus aclamados filmes. Vale dar uma espiada no catálogo: http://www.store.lustfilms.com/
É importante que a pornografia para mulheres seja produzida e dirigida por mulheres. Nós somos criaturas holísticas - estamos atentas a detalhes, situações, fantasias, dicas, cenários. O elenco, a decoração, as roupas, a música, o roteiro, a fotografia - são partes igualmente importantes dos meus filmes
Não há dúvida de que os jovens adolescentes de hoje, criados na internet com disponibilidade de conteúdo explícito, estão sendo habituados em ideais de masculinidade, feminilidade, sexualidade na maior parte completamente interpretados por homens. Eles gostariam que todos nós acreditássemos que as mulheres são apenas sexualmente atraentes ao interpretar certos papéis - papéis que são limitantes para as mulheres de hoje e para as meninas, minhas próprias meninas inclusas, que estão crescendo e se tornando as mulheres do futuro.
Ah, e pra finalizar, taqui uma entrevista dela pro site da TPM: http://revistatpm.uol.com.br/revista/124/perfil/erika-lust.html
que massa
ResponderExcluirEu DETESTO essa coisa de "pornografia de/para mulheres". Detesto sim, pois na minha visão, é nada mais que um sexismo deprimente. Só por que eu sou uma menina, eu não posso assistir um pornô de gang bang SM? Justamente por causa dessa tal dita pornografia de mulher é que acaba rolando esse julgamento sabe? Por que eu sou dirigida a parte de "amador", "casais" ou sub gêneros do assim, mais "light"? Pois em algum momento alguém disse que mulheres não podem ter fantasias mais hard core, que "é feio e sujo".
ResponderExcluirAo meu ver, a pornografia - para ambos os sexos - consiste em ter acesso visual às fantasias daquele que vê e se satisfaz dessa forma. Ou seja... Seguindo a minha linha de raciocinio do gang bang, não quer dizer que eu vá para uma festa e dar pra geral ao mesmo tempo na vida real (aliás, deuzabençoe essas meninas).
voce nunca viu um dela Rol. Não é porno soft, não, é porno mesmo, tem hardcore, Sm, de tudo. a diferença é que nele a mulher é ativa no sexo, o prazer dela que conta, e é mais bonito e artistico...mas não tem nada ver com aquele pornozinho soft agua com açucar
ExcluirRol, acho que não tem nada a ver. TALVEZ seja a visão da Erika Lust, mas a meu ver, é possível fazer um gang bang "para garotas" no sentido de que os caras sejam compativelmente atraentes - como é exigido nas atrizes -, ou nos ângulos que a câmara prefere filmar - normalmente, nos filmes pornos, o corpo feminino é muito mais filmado e explorado, predominam os gemidos das meninas enquanto os caras ficam quietos.
ResponderExcluirE sabe de uma coisa que me irrita? O cara interrompe todo o sexo pra gozar na cara da mina! Acho irritante pra caralho porque, normalmente, não parece que ela se diverte espontaneamente nem que goza realmente. O final do vídeo é o orgasmo masculino - não o feminino, não o dos dois.
E isso porque estamos falando de porno hetero.
Outra coisa é que, claro, garotas podem gostar de ver garotas, podem curtir tomar gozada na cara, ser chamada de "bitch" e ser fodida mesmo, mas note como, no mainstream, o corpo da atriz pornô é O objeto de desejo que se modifica de acordo com o que o público masculino deseja.
Normalmente o pornô amador curte mostrar uma garota de peitinhos pequenos, uma gordinha ou gordona, peluda, mãezona e tal, mas ainda assim, a gente não vê um belo ângulo de um pinto com frequência, ou uma dedicação "sincera" pra um boquete na moça.
E quando isso acontece, é na parte de fetiche do site, que a mina tem que estar vestindo roupa de couro ou vinil e dando chicotada, o que não é ruim, mas e se eu não quiser ver fetiche, como faz? Só imagino um pornô ideal?
Sei lá, se você se sente contemplada, legal. Eu não me sinto e, embora curta o hard core, acho legal a iniciativa da Erika, mesmo que PAREÇA soft. É uma vertente diferente e, não deixa de ser, ousada.
Ah,
ResponderExcluiressas minhas amigas são tão, tão legais!
:D
Eu assisti The Good Girl e gostei bastante desse trabalho da Erika Lust. Eu sempre achei que faltava o orgasmo feminino nos filmes do gênero. E ela introduziu isso de forma bem natural neste curta. O homem não perdeu o lugar de sujeito, mas a protagonista era a mulher, percebemos a cena através dela e ela não é nem um pouco softcore, vemos sexo de verdade e sem pudor.
ResponderExcluirNo fim, a maioria dos elementos de um porno comum estavam presentes(com direito a gozada na cara, mas a pedido da protagonista), a diferença foi que Erika Lust deu um toque de erotismo que só uma mulher poderia dar.
Não considero como um porno feito pra mulher e sim como um porno verdadeiramente heterossexual(porque agrada a ambos os sexos), onde o prazer masculino, tanto, quanto o feminino estão evidenciados.
Pô,
Excluirlegal ouvir a opinião de alguém que viu algum filme dela.
Massa.