segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Dercy Gonçalves



A juventude da Dercy Gonçalves é uma dessas histórias típicas de trama de novela. Nascida numa família pobre do interior do Rio, viu ainda criança a mãe ir embora depois de descobrir a infidelidade do marido. Era chamada de negrinha, pois era neta de negros, e sofreu muito com o pai alcoólatra.Trabalhou na bilheteria do cinema e também em peças apresentadas aos hóspedes de um hotel. Até que, aos 17, fugiu com uma companhia de teatro. Legal, né?



Estreou nos palcos aos 22 anos, na compahia Maria Castro, logo em seguida fazendo teatro itinerante, apresentando-se em cidades de interior. Uma vida certamente sonhada por muitas meninas, a de viajar e trabalhar com arte. Isso numa época em que moça de família ficava longe de teatro. Mulher no teatro era sinônimo de puta.



Com esse aprendizado totalmente autodidata, especializou-se na comédia e no improviso, integrando o Teatro de Revista - que era essencialmente popular - no seu auge. Nos anos 60 iniciou sua carreira solo, fazendo apresentações tipo stand up. Em 63 era a atriz mais bem paga da tv Excelsior, e no final dessa década comandou um programa de auditório de muito sucesso chamado Dercy Verdade. Trabalhou em vários filmes, principalmente nas chanchadas da Atlântica. Tem em torno de 24 filmes no currículo.




Quando já estava chegando aos 80 anos, tomou um balão de um empresário inescrupuloso e teve que voltar à ativa, em programas de auditório do Silvio Santos e mesmo em pontas em novelas da globo e do sbt.



Acho que a minha geração conhece apenas essa fase final da Dercy, aquela velha de aparecia na tv pra falar palavrão. Mas essa mulher era dura na queda. Sofreu o diabo na vida, mas sempre esteve ligada ao mundo do espetáculo, até sua morte em 2008, aos 101 anos.

"Todas as manhãs, a solidão me deixa deprimida. Moro sozinha, tem três pessoas que se revezam para me acompanhar. Minha filha não mora comigo. Filho não gosta de mãe; é a mãe que gosta do filho. Eles crescem, ganham independência e passam a ter prioridades. Eu me animo no cair da tarde, às 16h mais ou menos. Luto para ter forças para sair. Aí me arrumo, vou pro bingo. Lá, sou muito bem tratada, ganho cartelas e me distraio. À noite, vou a festas, jantares, adoro comer. E volto pra casa, durmo feliz. Assim são meus dias, sem expectativa"  

2 comentários:

  1. Amei! Pelos mesmos motivos citados aqui, sempre a admirei! E nem preciso dizer, que amei o terno dela, tenho um parecido! auauhauhahu amei esse novo blog! :)

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  2. Esse terno de oncinha?
    hauahauha, que legal!

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