domingo, 18 de setembro de 2011

Guerrilla Girls




Conheci o Guerrilla Girls lá no Cento Cultural de Belém, em Portugal, a uns dois anos. Uma exposição incrível de trabalhos de mulheres do mundo todo, pontuada por vários banners com frases feministas de efeito.

Elas só se apresentam em público com máscaras de gorila e usam pseudônimos para homenagear grandes mulheres - pintoras, fotógrafas, escritoras, artistas de diversas épocas, nacionalidades - mas mortas, como Paula Modersohn-Becker, Rosalba Carriera, Georgia O’Keeffe, Anais Nin, Meta Fuller, Tina Modotti, Diane Arbus. Completando, ainda bradam um slogan: "Reinventando a palavra com ‘F’ - feminismo!"

O Guerrilla Girls, coletivo criado em Nova York em 1985, vem fazendo há tempos seu barulho no cenário das artes com sua atitude heterodoxa, panfletária e aos moldes do espetáculo. Em 2005, um dos marcos da trajetória do Guerrilla Girls foi a participação na 51.ª Bienal de Veneza, com curadoria das espanholas Maria de Corral e Rosa Martinez. Vestidas com suas roupas de guerrilheiras e de máscara de gorila, elas instalaram na cidade italiana grandes banners com suas mensagens e pesquisas. Mas as ações do grupo não se encerram apenas nas performances/apresentações. Elas escrevem livros, criam projetos para museus e objetos como pôsteres, camisetas, adesivos que podem ser comprados através do site do grupo (www.guerrillagirls.com) a preços na faixa dos US$ 20. Mais ainda, desde 2001 o grupo se dividiu em três ramos separados: há as ações ativistas do Guerrilla Girls (com apenas cinco integrantes); existe o chamado Guerrilla Girls On Tour, coletivo de teatro; e o GuerrillaGirlsBroadband, com ações na internet.
" Vamos nos lembrar que o conceito de direito das mulheres tem apenas 150 anos. Sempre foi dois passos para frente e um para trás, mas o feminismo está mudando a vida das mulheres no mundo - muito, muito devagar na maioria dos lugares e, significantemente, em outros. O feminismo está também mudando no campo dos estudos, com pesquisas que englobam toda a sociedade. A propósito, consideramos ridículo que muitas pessoas que acreditam nas doutrinas feministas (pagamento equalitário para o trabalho, liberdade sexual, direitos humanos para as mulheres em todo o mundo, incluindo o direito à educação) têm sofrido uma lavagem cerebral por causa de estereótipos negativos na mídia e na sociedade e se recusam a se chamar, eles mesmos, de feministas. E homens, isso significa vocês também. É hora de intensificar, seja você mulher ou homem, trans, etc., e falar pelas mulheres. Os direitos femininos, os direitos civis, os direitos dos gays são os maiores direitos humanos, o movimento de nosso tempo"


"Recentemente, nós - as agitadoras outsiders - acabamos dentro dos museus que criticamos, como o MoMA de Nova York, a Tate Modern, em Londres. Mas continuamos fazendo projetos de rua ao redor do mundo, como em Roterdã, Cidade do México, Belfast, Bilbao, Istambul, Atenas, Xangai e Montreal, onde colocamos nossos pôsteres sobre os discursos agressivos contra mulheres de todas as idades. Nós decidimos participar de exposições e apresentações em museus porque queremos que nossa mensagem chegue ao público mais amplo possível e acreditamos que é ótimo criticar uma instituição em suas próprias paredes. Na Bienal de Veneza, exibimos seis grandes banners sobre a histórica discriminação da própria Bienal e dos museus de Veneza. Mais de 1 milhão de pessoas visitaram a nossa exposição atual no Centre Pompidou, em Paris. Sempre que nosso trabalho aparece em uma instituição como essa, recebemos toneladas de e-mails de pessoas falando que nosso trabalho lhes mostrou algo que elas nunca souberam sobre arte e cultura, e que nós as inspiramos a realizar o seu próprio, louco e criativo ativismo"





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