quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Julia Child


Até que enfim eu assisti ao filme da Nora Ephron, o Julie e Julia. Uma delícia. Quem interpreta a Julia Child é a Meryl Streep, que é talvez a minha atriz preferida em todo o mundo. Estava pensando comigo, o bacana desse blog é que depois de ver um filme sobre uma mulher foda, sentar na frente do leptop pra pesquisar sobre ela é um exercício de aprofundamento em sua vida e também uma oportunidade de compartilhar com vocês sobre as boas impressões que eu tive sobre ela. Mas vamos parar de blábláblá e falar sobre a Julia.


Nascida em Passadena, em 1912, Julia Carolyn McWilliams, seu maior destaque desde cedo foi ser alta. Bem alta. Tinha um metro e oitenta e oito de altura. Praticava esportes na escola, e após sua formatura na universidade mudou-se para Nova York para trabalhar com publicidade. Na época da segunda guerra foi trabalhar pro exército, no Escritório de Serviços Estratégicos. Serviu um tempo na China, e no Sri Lanka conheceu Paul, que viria a ser seu futuro marido.


Casaram-se em 1946 e dois anos depois mudaram-se para Paris, pois Paul era um tipo de embaixador americano lá. O casal não podia ter filhos, mas era muito feliz. Paul apresentou a Julia os prazeres da comida francesa, e a paixão foi arrebatadora. Descreveu da seguinte forma um prato de ostras: "uma abertura da alma e do espírito pra mim".



Estudou na escola de culinária Le Cordon Bleu e depois teve aulas com o chef Max Bugnard, junto com outros chefs mais experientes. Passou a frequentar um clube feminino chamado Gourmettes Cercle e lá conheceu Simone Beck e Louisette Bertholle, que se tornariam suas grandes amigas. Juntas montaram, no ano seguinte, uma classe de culinária, e também passaram a trabalhar num projeto de um livro de receitas francesas para cozinheiras americanas. Nos anos de 1950 não havia nenhuma literatura na área em inglês.



O livro foi sendo desenvolvido e tomava proproções gigantescas. Foi repetidamente rejeitado por várias editoras, até que em 1961 Alfred A. Knopf publicou as 734 páginas de A Arte da Culinária Francesa. A obra rapidamente tornou-se um best seller, e Child passou a escrever para o jornal The Boston Globe. Ao longo de sua vida publicaria ainda cerca de vinte títulos. Além disso comandou inúmeros programas de culinária na televisão ao longo das décadas de 70, 80 e 90. Era uma autoridade adorada pelos amantes de comida. No final dos 90 passou a ser muito criticada por nutricionistas por usar manteiga e creme em suas receitas. Ela respondeu:

"Todo mundo está exagerando. Se o medo dos alimentos continua, será a morte da gastronomia nos Estados Unidos. Felizmente, os franceses não sofrem a mesma histeria que fazemos. Devemos desfrutar da comida e se divertir. É um dos prazeres mais simples e agradáveis ​​na vida ".

Em 1992, após a morte de sua amiga Simone, Julia decide sair da França. Seu marido Paul já estava muito mal, e desde 89 morando numa casa de repouso. Ele morreu em 1994. Em 2001 Julia se mudou para uma comunidade de aposentados em Santa Bárbara. Recebeu diversas homenagens de governo e universidades. Morreu em 2004, prestes a completar 92 anos.

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Kiki de Montparnasse


O post de hoje é dedicado à querida Aline Zouvi. Sem ela eu demoraria muito mais a ler o quadrinho feito por Catel Muller e José-Louis Bocquet sobre a Kiki - lançado no Brasil pela Ed. Record. Enfim, recomendo fortemente a leitura. Kiki talvez seja a primeira mulher livre do século XX. Viveu como quis, amou quem quis, bebeu o quando quis. E excessivamente. Parcimônia nunca foi seu forte.



Kiki nasce Alice Ernestine Prin, na frança, em 1901. Não se sabe exatamente quem foi seu pai, e sua mãe partiu para Paris para ser linotipista. Foi criada pela avó e viveu uma infância miserável, ainda que se divertisse com os primos, também criados pela avó. Seu padrinho era contrabandista de álcool e com ele aprendeu a beber e a cantar em bares.




Aos doze anos ela vai pra capital encontrar a mãe, mas a relação entre as duas não é das melhores. Aos dezesseis Kiki começa a trabalhar numa padaria, mas acaba brigando com a dona do rolê. É então que ela posa pela primeira vez, para um escultor. Sua mãe descobre, fica puta e expulsa a filha de casa. Vivendo nas ruas, pulando de casa em casa, conhece a bohemia de Montparnasse. Passa a viver com o pintor Soutine, e conhece Modigliani e Urtrillo.




Kiki era dona de uma alegria que contagiava a todos. Quando chegava num lugar, significava que a festa havia chegado. Sua fama de mulher livre e alegre se espalhava, o que fazia dela a queridinha dos artistas e a execrada como puta pela sociedade. Aos 17 ela passa a viver com o pintor Mendjisky, sendo modelo de inúmeras obras suas. No mesmo ano, torna-se a modelo favorita de Kisling. Três anos depois conhece o pintor japonês Foujita, para quem posa, iniciando assim uma amizade que durará a vida inteira.

Ali no fundo vemos Foujita, vestido de mulher, ao lado de uma sorridente Kiki. 

O famoso quadro de Fujita, usando Kiki como modelo, 'Nu deitado com tecido de Jouy', de 1922.

Em 1921 Kiki conhece o pintor e fotógrafo americano Man Ray. Os dois se apaixonam e vivem juntos por oito anos. Arrisco dezer que Man tenha sido o homem mais - ou um dos mais - importante da vida de Kiki. Sei lá, talvez eu só simpatize com ele. Mas o que importa é que foi graças a Man e sua câmera fotográfica que a imagem de Kiki ficou imortalizada para nós. Nos anos que passaram juntos, conviveram com Picasso, Cocteau, Breton, Matisse, Miró, Bunuel e outros. A seguir, algumas fotos de Man.







Em 1922 ela conhece Henri-Pierre Roche, um amante da arte que estimula Kiki a pintar. Em julho de 1923 Man Ray projeta seu curta O Retorno à Razão, onde aparece o peito de Kiki, num evento que marcou o ápice da treta entre dadaístas e surrealistas.


No final desse ano ela tem uma briga com Man e viaja pros States pra tentar ser atriz em Hollywood. O negócio fracasso e ela logo volta. Começa a dançar e cantar no recém inaugurado Joquei, uma night club de Montparnasse que reunia a nata dos artistas.


O tempo passa e as coisas não mudam. Muita bebida, muitas músicas obscenas e muitos amores. No início dos anos 30 Kiki começa a expor suas pinturas, e vende uma porção delas. É nesta década que o gosto pela cocaína surge, graças a Broca, um de seus amantes. Em 1937 ela abre seu próprio cabaré, onde também se apresenta junto com seu novo homem, o tocador de acordeão Dédé Laroque. Em 39, lança seu primeiro disco - de um total de três. Seus últimos anos são marcados por shows em cabarés e pelo vício em drogas. A decadência é lenta, mas fatal. Inchada e sem voz, Kiki morre em Paris, com 52 anos.

Balé Mecânico, de Fernand Léger, 1924. 

Nu sentado, de Moise Kisling

Kiki de vestido vermelho, de Kisling.

Kiki de Montparnasse, de Pablo Gargallo, 1928.




Evidente que esta minha tentativa de resumo da vida de uma mulher tão extraordinária resulta em nada mais que pífia. Mas espero que tenha despertado a vontade em vocês de conhecer um pouco mais sobre ela. A seguir, alguns dos trabalhos da própria Kiki.









segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Dilma Rousseff


Meu, entrei na Wikipedia pra pesquisar a vida da Dilma, mas é impossível! Tipo, a página é gigantesca, que preguiça. Enfim, vou me esforçar pra sintetizar e selecionar os melhores momentos e talz. Pq a Dilma honra o rolê? Oras, pq lutou contra a ditadura, e pq foi a primeira presidente mulher do Brasil (que eu chamarei de presidenta, ok?). Então vamos lá.


Dilma Vana Rousseff é mineira de BH, nascida em 1947, filha de pai advogado e mãe dona de casa. No ensino médio começou a militar no movimento estudantil, especialmente por conta do recente golpe militar. Com 17 anos ingressou na Política Operária, uma organização do PC brasileiro. Esse grupo de dividia entre os que queriam implementar o socialismo por assembléias e os que curtiam mais a luta armada. Dilma ficou com o segundo grupo, que deu origem ao Comando de Libertação Nacional - conhecido como COLINA. Casou-se aos 20 com um companheiro de luta.


Segundo companheiros de militância, Dilma teria desenvoltura e grande capacidade de liderança, impondo-se perante homens acostumados a mandar. Não teria participado diretamente das ações armadas, pois era conhecida por sua atuação pública, contatos com sindicatos, aulas de marxismo e responsabilidade pelo jornal O Piquete. Apesar disso, aprendeu a lidar com armamentos e a enfrentar a polícia.


Três anos depois de se casar a coisa já não estava tão boa. Se separou pacificamente, e conheceu um advogado gaúcho - Carlos - numa reunião de militantes. Ficaram 30 anos juntos. O grupo da galera da Dilma de uniu com o grupo da galera do Lamarca, formando o grupo VAR-Palmares. Eles planejaram muita coisa, inclusive sequestrar o safado do Delfim Neto, mas o esquema não virou muito, e o grupo logo se desfez.


1970. A casa começou a cair pra diversos companheiros de luta. Os policiais conseguiram informações - através de tortura - para capturar um militante que estaria num bar da rua Augusta. A Dilma estava indo encontrá-lo e acabou abordado. Estava armada e rodou. Foi levada pra Oban, onde foi torturada por 22 dias, com palmatória, socos, pau de arara, choque elétrico e cadeira de dragão. Foi condenada em primeira instância a 6 anos de prisão. Teve os direitos políticos cassados por 18 anos. Em 2005, declarou:

Eu não vou esconder o que eu fui e não tenho uma avaliação negativa. (…) Tenho uma visão bastante realista daquele período. Eu tinha 22 anos, era outro mundo, outro Brasil. Muita coisa a gente aprendeu. Não tem similaridade o que acho da vida hoje.

Dilma saiu do presídio no final de 72, magra e doente. Passou um tempo com a família em Minas, depois ficou com uma tia em Sampa, e por fim se mudou pra Porto Alegre, onde seu marido Carlos cumpria pena. Graduou-se em economia em 77, e trabalhou como estagiária na Fundação de Economia e Estatística. Seu segundo emprego veio na metade dos 80, como assessora da bancada do PDT na assembléia legislativa do RGS.


Bem, e agora, o que mais? De 90 a 94 ela foi presidente daquele primeiro trampo onde ela foi estagiária. Em 2000 se separou do segundo marido. Em 2003 foi ministra de minas e energia do Brasil, e em 2005, ministra chefe da casa civil do Brasil. E o que veio depois, einh, einh? hehehehe, presidente do Brasil! Ou melhor, presidenta!