segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Maria Montessori


Maria Montessori nasceu em 31 de Março de 1870, em Chiaravalle, Itália, numa família conhecida pelo seu fervor religioso. Feitos os estudos elementares, Maria foi contra a resolução familiar de que ela deveria ser professora, e entrou na Universidade para estudar Medicina. 

Em 1896, alcançou o doutorado e tornou-se a primeira médica italiana, mas no entanto só pensava em preparar-se melhor. Interessavam-lhe sobretudo as doenças do sistema nervoso, o que a levou ao internato da clínica de psiquiatria. Pouco a pouco foi-se especializando: as crianças desequilibradas atraíam-lhe a atenção e a piedade. 

O seu interesse pelos deficientes mentais levara-a ao conhecimento dos trabalhos de Ittard que, no tempo da Revolução Francesa, tivera de educar um idiota de oito anos conhecido pelo Selvagem de Aveyron e que, pela primeira vez, praticara uma observação metódica do aluno, construindo depois sobre ela o seu método de educação; de Ittard passou a Montessori a Edouard Séguin, professor e médico, que fizera durante dez anos experiências pedagógicas com pequenos internados numa casa de saúde e montara a primeira escola para anormais; leu atentamente o seu livro Hygiene et éducation des idiots et autres enfants arriérés (1846), seguiu-se-lhe o trabalho feito na América para onde emigrara e onde tinha fundado escolas de atrasados e anormais; em Nova Iorque, publicara outro livro, Idiocy and his treatment by physiological method (1866), em que dava o essencial do método. 



Em 1898, num congresso em Turim, defendeu a tese de que os deficientes precisavam muito menos da medicina do que dum bom método pedagógico. As esperanças do paciente deveriam ser depositadas no professor, e não no médico.  


Guido Baccelli, que fora professor de Maria Montessori e ocupava então o lugar de ministro da Instrução Pública, interessou-se pela comunicação e chamou-a a Roma para uma série de conferências sobre o ensino de deficientes; as conferências despertaram o interesse de todos que se dedicavam ao assunto e criaram um movimento de opinião a favor das ideias que Maria defendia.  

Toda a vida de Maria Montessori se orientava agora para a educação dos deficientes mentais. Tomava conhecimento de tudo quanto se ia publicando na Itália e no mundo sobre pedagogia, aproveitava todas as sugestões que se mostravam úteis, prosseguia incansavelmente as suas experiências com os alunos do internato; mostrava aos candidatos a professores como a tarefa que empreendiam era das mais nobres que alguém pode tomar sobre si, como a caridade, o espírito de sacrifício, a atenção, o íntimo entusiasmo, o otimismo e o zelo pelo trabalho formam o indispensável fundamento em que vêm assentar os conhecimentos e preceitos; já desde então lhe surge no espírito o pensamento de que na escola não ganham só os alunos, mas também os professores, e de que a educação não é, como se julgara até aí, um jogo unilateral: se a escola é boa, a personalidade do professor deve também enriquecer-se ao contacto da do aluno, mesmo que se trate de deficientes mentais. Aliás, sobretudo se se trata deles. 

As viagens a Paris e a Londres puseram-na a par do que se fazia de mais moderno em outros países; mas já via que sua escola era mais avançada que na educação das crianças que qualquer outra do mundo. Voltando à Itália criou ela própria seu material. Os alunos deficientes logo prestavam exames nas escolas, junto com os alunos normais, e atingiam os mesmos resultados satisfatórios.

Esse cenário a levou a outra preocupação: como era possível que alunos com deficiência obtivessem desempenhos iguais aos alunos sadios? Só havia uma explicação, a de que as escolas de normais estavam mal organizadas, a de que os métodos eram péssimos e sacrificavam todas as possibilidades que a natureza, generosamente, tinha distribuído à maior parte das crianças.

Começa então a frequentar aulas de psicologia experimental e de pedagogia, e então, em 1906 recebeu uma proposta de ouro. Uma empresa italiana que construía prédios para gente pobre pediu-lhe que ajudasse a resolver um problema importante: os pais dos pequenos que moravam nos prédios iam para o seu emprego muito cedo e quase todo o dia estavam ausentes de casa; o resultado era que as crianças, entregues a si próprias, faziam um barulho insuportável e estragavam o prédio; se Maria Montessori quisesse tomar conta do trabalho de as aquietar e entreter, estavam dispostos a ceder-lhe uma sala em cada "bloco" e a pagar-lhe o pessoal necessário. 

Maria Montessori mediu imediatamente as vantagens excepcionais da oferta: em primeiro lugar não se tratava de escolas, não havendo, portanto, nenhuma espécie de exigências quanto a programas e exames; em segundo lugar, os pais não possuíam a mínima noção de pedagogia e não seriam tentados a intervir no funcionamento da sala; por fim, se o método desse resultado, teria, para a sua difusão imediata e aplicação a todas as escolas elementares, duas qualidades importantes: era barato e dava resultado mesmo com camadas de população de baixo nível cultural e de deficiente vida material. 

A primeira Casa dei Bambini abriu em Janeiro de 1907, com instalações que ficavam muito aquém das que hoje se exigiriam numa escola bem montada, mas que davam à Montessori toda a possibilidade de fazer as suas experiências; o mobiliário era rudimentar , faltavam flores, as crianças não tinham espaço suficiente para os recreios; mas, na parede, a Madona deIla Sedia de Rafael era o símbolo de todo o carinho, de toda a inteligente dedicação, de toda a vontade criadora que se iam empregar no projeto. 

Tão bons resultados deu, quanto a disciplina, a primeira Casa, que a empresa resolveu abrir outra; a 7 de Abril, inaugurou-se a segunda, pouco depois uma terceira; as perspectivas eram brilhantes porque a empresa possuía já 400 prédios, e 400 escolas Montessori seriam mais que o bastante para impor o método a toda a Itália e depois ao resto do mundo; os educadores começavam a chegar a Roma e a visitar as Case dei Bambini, regressando entusiasmados com o que se conseguia fazer: falavam de crianças novas, dos seres extraordinários de delicadeza, de precisão, de inteligência, de correção que Maria Montessori soubera criar; nas escolas que iam montando noutras cidades, os professores mais audaciosos guiavam-se todos pelas normas montessorianas que vinham aprender nas visitas às Case . 

Hoje, os livros de Maria Montessori estão traduzidos em numerosas línguas, entre as quais o chinês e o árabe; há escolas Montessori em todo o mundo, até no Tibete e no Quénia; na Itália, na Hungria, na Holanda, no Panamá e na Austrália, os governos mandam adotar o método nas escolas oficiais e modificam as leis escolares, todas as vezes que há entre elas e o funcionamento das escolas qualquer incompatibilidade.


Nesse link aí de cima, é possível ver a minissérie italiana (dividida em 2 partes) sobre a vida de Montessori.

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