terça-feira, 29 de maio de 2012

Emma Goldman


Emma Goldman nasceu na Lituânia, que fazia parte do Império Russo, em 1869, numa comunidade de judeus ortodoxos. Seu pai era um homem severo, que castigava constantemente seus filhos. E Emma era dotada de um espírito rebelde, o que a deixava encrencada em casa e também na escola, onde era um desafeto dos abusivos professores. Seu pai queria a todo custo que ela casasse, mas sua recusa era taxativa. Ela queria ir pra América, junto com a irmã. Seu pai a proibiu, mas, após uma tentativa de suicídio num lago, conseguiu convencê-lo a deixá-la partir.


Chegou em Manhattan em 1885 e foi trabalhar 10 horas diárias como costureira. Quando seu pedido de aumento foi negado, pediu demissão e foi trabalhar numa loja. Foi lá que conheceu Jacob, com quem se casou, ganhando a cidadania americana. Mas o desastre era que Jacob era impotente, ciumento e desconfiado. Então o divórcio veio após 1 ano. Sua família a rejeitou como uma perdida, e ela foi sozinha, com 5 dólares no bolso, para Nova Iorque.


Foi então que Emma entrou no Café Sachs, e então sua vida nunca mais foi a mesma. Lá ela se encontrou com dois homens que foram fundamentais em sua vida: Johann Most, um anarquista alemão que pregava a propaganda pela ação e que se tornou uma espécie de mentor; e Alexander Berkman, um anarquista tímido e que se tornaria amante e o grande camarada de Emma. Incentivada por Most, começou a fazer fazer discursos em apoio a causas libertárias. Na primeira vez em que subiu no palco:
algo estranho aconteceu. Em um clarão vi - cada desventura dos meus três anos em Rochester: a fábrica Garson, a dura exploração e humilhação, o fracasso de meu casamento, o crime de Chicago. … comecei a falar. Palavras que jamais havia me ouvido pronunciar anteriormente saíram em torrentes, cada vez mais rápidas. Vinham numa intensidade apaixonada… a audiência desapareceu, o próprio salão desapareceu; eu estava consciente apenas das minhas próprias palavras, da minha canção extática. 
 Alexander Berkman, na juventude

Foi então que 1892 chegou e com ela a Greve de Homestead. Quando as negociações entre trabalhadores e a Companhia de Aço Carnegie foram rompidas, os trabalhadores entraram em greve e pararam a empresa. O gerente, Henry Clay Frick, botou os funcinários pra fora da firma e contratou fura greves pra trabalhar. O que se seguiu foi uma batalha campal onde morreram 4 guardas e 9 grevistas. Emma Goldman e Alexander Berkman decidem que o certo a fazer é matar o gerente, Frick, pois imagivam que desta forma iriam inflamar uma inssurreição do operariado contra o capital.




Berkman invadiu o escritório de Frick e lhe deu um tiro, que só feriu seu braço. Foi condenado a 22 anos de prisão. O ato foi repudiado pela grande massa de trabalhadores, que não estavam nem aí pra revolução, mas queriam tão somente a ascensão dentro do sistema capitalista. Emma estava numa terrível fase, execrada por Most e pela massa de trabalhadores e privada da presença de seu companheiro. Mas 1893 chegou, e com ele a maior crise financeira do capitalismo americano até então, onde as massas de desempregados subiu de 800 mil para 3 milhões. Esse era um bom momento para se atacar as estruturas de poder, e foi o que Emma fez, através de suas conferências feitas para um público cada vez maior e mais interessado. Suas palavras eram "Bem então, manifestem-se diante dos palácios dos ricos; exijam emprego. Se eles não lhes derem emprego, exija pão. Se eles lhes negarem ambos, tome o pão". Era chamada pelos jornais de a Joana D´Arc moderna. Foi presa por incitar a insurreição, passando 10 meses em cana. Lá aprendeu o ofício da enfermagem, além de aproveitar pra estudar e ler as obras de escritores ativistas americanos.


Mas claro que tem que dar alguma merda pra estragar tudo, né? Acontece que em 1901, um tal de Leon Czolgosz assistiu algumas dessas conferências, e foi até o presidente William McKinley pra lhe dar dois tiros e uma passagem para o outro mundo. Assumindo que era um anarquista e que foi inspirado por Emma, levou a polícia a prendê-la, mesmo sem nenhuma prova que a ligasse ao assassinado. Emma logo foi solta, e foi a única a defender a posição de Leon, mesmo entre seus amigos anarquistas mais radicais. Isso a tornou uma figura um tanto odiada, já que defender o assassino do presidente não é algo que aumente a popularidade de uma pessoa. Leon Gzolgosz foi morto na cadeira elétrica neste mesmo ano. Emma se recolheu ao anonimato e foi trabalhar como enfermeira, sob o nome de E. G. Smith.


Mas, incapaz de ficar parada, foi voltando aos poucos a palestrar pra grupos de organizações progressistas. Em 1906 lançou sua própria publicação, Mother Earth, dedicada à política e literatura. Neste mesmo ano Berkman saiu da cadeia e foi ajudar a tocar o jornal, enquanto Emma excursionava pelo país com suas palestras. Ela e Berkman já não viviam mais como casal, mas apenas como amigos. Durante a viagem ela conheceu Ben Reitman, um médico vagabundo com quem teve um romance. Em 1914 uniu-se à causa de Margaret Sanger pela luta ao direito das mulheres ao controle de natanidade. Seu apoio à Margaret foi brutal, tanto que acabou presa de novo, durante duas semanas.


Então chegou a primeira guerra e Emma começou uma cruzada anti militar, criando com Berkman a Liga Anti Alistamento. Isso foi algo que os EUA não conseguiram tolerar. O próprio jovem Edgar J. Hoover cuidou para que ela fosse expulsa do país, junto com Berkman e outros tantos anarquistas indesejados.
Afirmamos que se os Estados Unidos entraram na guerra para fazer o mundo seguro para a democracia, eles precisam primeiro assegurar a democracia nos Estados Unidos. De que outra forma o mundo poderia levar os Estados Unidos com seriedade, quando a democracia em casa é diariamente ultrajada, a liberdade de expressão suprimida, e assembleias pacíficas interrompidas por gangsters brutais e autoritários de uniforme; quando a liberdade de imprensa é restringida todas as opiniões independentes são sufocadas? De fato, pobre como somos em democracia, como podemos oferecê-la ao mundo?

Foram pra Rússia e ficaram em choque com a brutalidade e a total ausência de liberdade de expressão dos Bolcheviques a quem eles tanto admiravam. Logo foram embora da Rússia, vivendo entre a França, Inglarerra e Canadá. Ela nunca encontrou, em nenhum país europeu, espaço para suas idéias e militância. Passaria o resto de seus anos relembrando os Estados Unidos, numa casa de veraneio na França, bancada por antigos amigos americanos.


Em 1932 Alexander Berkman se matou, com um tiro no peito.
Emma morreu em 1940, de derrame, enquanto jogava cartas com os amigos, no Canadá.

Enfim, esse espaço do blog é muito limitante. A vida de Emma Goldman é muito fascinante e complexa. Tem um documentário bem bacana sobre a vida dela, que está disponível no youtube (com legendas em espanhol) e vale muito a pena ver.


E é possível ler um de seus texto aqui no site do PCO:
http://www.pco.org.br/biblioteca/mulher/atragediadaemancipacaodamulher.htm

Aconselho também fortemente a leitura de sua página na Wikipedia, que está bem completa.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Emma_Goldman



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